29/07/2022

Organização do fluxo de roupa numa lavandaria

Na lavandaria de uma IPSS é fundamental partir do princípio que tudo no local está potencialmente contaminado com microrganismos, e, como tal, organizar uma lavandaria significa otimizar a gestão dos espaços para garantir uma operação correta e segura. Os têxteis são a primeira fonte de contaminação, porque para além da sujidade macroscópica, como manchas e resíduos orgânicos, estes também contêm sujidade microscópica na forma de germes de caráter potencialmente patogénico.

Na infraestrutura de uma lavandaria é primordial a identificação de duas zonas bem definidas, as quais são designadas por “zona de roupa suja” e “zona de roupa limpa”. O fluxo da roupa deve ser unidirecional e, em circunstância alguma, deverá acontecer o cruzamento da roupa suja com a roupa limpa (e vice-versa), garantindo-se, deste modo, a máxima segurança e risco zero de contaminação. Adicionalmente, para se reduzir a contaminação da roupa limpa ao longo do seu fluxo numa lavandaria, é necessário higienizar adequadamente, não só os têxteis contaminados, como igualmente todas as fontes secundárias (por exemplo, os carrinhos de transporte da roupa), tudo devidamente enquadrado numa gestão apropriada via planos de higiene.

A “zona de roupa suja”, como o próprio nome indica, é o local onde é rececionada toda a roupa suja. Os colaboradores que recebem e manuseiam roupas sujas devem sempre usar Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados, como luvas, fardamento e dispositivos de proteção respiratória (se aplicável), a fim de se protegerem dos riscos decorrentes de qualquer contaminação. A seleção de roupa suja antes da lavagem é uma operação importante, devendo a sua classificação respeitar critérios, como: tipo de contaminação (roupa contaminada ou não contaminada), tipo de têxtil (origem natural ou sintética), tipo de cor (roupa branca ou roupa de cor), e, tipo de sujidade (pouco ou muito suja). A mencionada separação e organização da roupa é determinante que esteja enquadrada com os critérios usados nos programas de lavagem. De referir que a roupa suja deve ser acondicionada em sacos especiais marcados e divididos por tipo de roupa e manuseados com cuidado para se reduzir o potencial de contaminação dos colaboradores e superfícies. No caso de roupa com presença de microrganismos (grau de contaminação considerável) é importante lavar no imediato, não deixando acumular para o dia seguinte. Assim como é necessário remover toda a sujidade orgânica da roupa antes de se transitar para a fase de lavagem.

A “zona de roupa limpa” é o local onde se realizam os processos de secar, engomar e divisão/organização para posterior entrega. Esta zona, adequadamente separada da anterior, não deve conter instrumentos e equipamentos infetados para evitar a proliferação de microrganismos em roupas já tratadas. Daí que os carrinhos de transporte usados na “zona de roupa limpa” não deverão ser os mesmos usados na “zona de roupa suja”.

A lavandaria de uma IPSS é um local para lavar as roupas corretamente, e onde é essencial aplicar todos os necessários sistemas de controlo e segurança, desde o transporte, receção, classificação, manuseio e entrega, sendo estas fases cruciais para o bom funcionamento de uma lavandaria. A proeminência da consistência ao nível do cumprimento da boa prática relativa ao correto fluxo da roupa e higienização adequada, não só da roupa, como dos acessórios e espaço envolvidos, credibiliza os responsáveis perante a garantia que transmitem de não comprometerem uma das finalidades do setor lavandaria: evitar que a roupa possa ser um veículo de contaminação.